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Levo a memória do existido.

 

Tanto tempo passou,

Tanta quadra para trás ficou,

Não vejo o prazo de chegada,

A fala cedida na última morada.

 

E pondero,

Porque o atalho do rir leva ao desespero,

E o desespero à esperança,

E a alma, a alma não morre mas cansa.

 

Não existem veredas sem pedras,

Quem diz o que vale as regras,

Quem gere a nossa vontade,

Ai como é difícil a maior idade.

 

Mas no denso do viver,

Lá bem perto do tempo de morrer,

Do tempo que ainda não vi,

Peço-te apenas, nunca te esqueças de ti.

 

@Eduardo Jorge, em 17 de Agosto de 2011

 

O fim anunciado.

 

 

 

As neves antiquadas,

Estão sujas de óleo,

O agiota as manchou,

As águas inquinadas,

Pelos lençóis de petróleo,

Que o diabo inventou.

 

As águas inquinadas,

Pelos lençóis de petróleo,

Que o diabo inventou.

 

 

As árvores que existiam,

São valores dos mercados,

Ardinas no caminho.

Dos cardumes que haviam,

Alarvemente pescados,

Resta o sangue de golfinho.

 

Dos cardumes que haviam,

Alarvemente pescados,

Resta o sangue de golfinho.

 

 

 

Os tambores calaram-se,

Não mais tocarão,

Fogem animais assustados,

Na planície instalaram-se,

As fábricas da poluição,

E os gases envenenados.

 

Na planície instalaram-se,

As fábricas da poluição,

E os gases envenenados.

 

Oh, sagrada mãe,

Profanam as tuas entranhas,

Matam os teus amores,

Oh, sagrada mãe,

De muitas manhas,

Se cobrem os predadores.

 

Oh, sagrada mãe,

De muitas manhas,

Se cobrem os predadores.

 

@Eduardo Jorge, em 22 de Fevereiro de 2012

 

A minha religião é não a ter.

 

 

Eu também tenho um Deus,

O direito de o ter mora em mim,

O Grande Espírito,

Tem muitos nomes,

Não pertence a ninguém,

E está em todos,

A nenhuma religião,

Ele deu privilégios,

Nem nomeou deputados,

Não apelou a oração,

Admira o gesto da ternura,

Com o próximo,

A irmandade com o outro,

Profere que fácil é gostar de quem,

Gosta de nós,

Árduo é gostar de quem,

De quem de nós não gosta,

O resguardo pela natureza,

Pelos animais,

Pelas crianças,

São a melhor prece que escuta,

À fé que se prostitui por aí,

Dará a réplica no tempo certo,

O meu Deus não faz a guerra,

Cede os metais para construir,

O barco de pesca,

Não o de conflito,

A enxada que lavra a terra,

Não o fio de metal que fecha a ave,

A quem deu asas,

Para voar livre,

Não incrementa a fome,

Antes cede a semente do fruto,

Que cresce nas árvores da vida,

Como vida deu a iluminados,

De alguns dos seus nobres filhos,

Que fez nascer entre nós,

Mestres dos conhecimentos

E dos saberes,

Uns pregamos na cruz,

Outros uma bala no peito,

Como incivilizados,

Matamos assim a mão do afago.

 

Não criou as religiões,

Nem as politicas que,

Tiram os proventos da conveniência,

Quando a fé se faz rentável,

O Grande Espírito,

Não gerou o capitalismo,

Nem o egoísmo de existir,

Não criou as árvores,

Para nos darem a madeira,

Para construir campos de extermínio,

Nem o cabo da pá,

Que abre a cova,

Da criança morta de fome,

Sem direito de crescer,

E que em espírito paira à noite,

Por cima da cabeceira,

Do luxo desnecessário.

 

Eu tenho um Deus,

Eu tenho um Deus,

Que mora dentro de mim,

E faz-me sentir que,

A minha fé mora em mim,

Não em nenhuma confissão,

Em fogo de luxos montada,

Que promovem o mal,

Entre os povos da terra inteira,

As guerras religiosas,

São feitas em meu nome,

Mas não na minha vontade,

Pois nenhum material,

Pode segurar o sacro espírito,

Nem eu vos dei o material,

Necessário para o fazerdes.

 

Dei-vos uma Mãe imensa,

A terra que faz crescer a semente,

O rio que vos mata a sede,

Que leva as lágrimas com ele,

E as deixa no fundo do mar,

Dei-vos o direito,

De repartir o pão que te sobra,

Pelo que não o tem,

Dei-vos o céu da contemplação,

Do espaço a imensidão,

O pasto para vos deitares,

As areias dos mares,

Para vos deleitares,

No repouso contemplativo,

E os sons das marés,

Em rebentação de espumas,

Que musica nos vossos ouvidos,

Despertando os sentidos,

E as dunas sopradas,

Pelos ventos da esperança,

 Dei-vos tanto,

Dei-vos tanto,

Que vocês não se apercebem,

Simplesmente por o terem,

Porque se acham de direitos,

De Eu vos servir,

Sem limites nem tempos,

Mas tomai em atenção,

Que o amor,

Não tem um só um atalho,

E que não chega,

Eu amar -vos,

Senão me sentir,

Por vós amado,

E que a última vontade,

A mim me pertence,

E não ao maior,

Dos vossos poderes.

 

 

@Eduardo Jorge, em 5 de Março de 2012

 
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